>> 'PCC não é problema só do Brasil. A crise é da civilização humana'.
Consumismo e exclusão social também estão, segundo ministro, entre as causas da conturbada realidade que se vive hoje
Entre 1965 e 66, o hoje ministro da Cultura, Gilberto Gil, viveu em São Paulo. Foi trainee da Gessy Lever, morou em Cidade Vargas, periferia da zona sul, conheceu Chico Buarque no João Sebastian Bar. Também freqüentou a Galeria Metrópole, tocou em bares como o Redondo e o Bossinha e atuou no Teatro Oficina. Anteontem, esteve em São Paulo, para acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cerimônia de comemoração dos 60 anos da Cinemateca Brasileira. O ministro falou ao Estado sobre a crise na segurança:
São Paulo tem sido alvo de eventos de violência urbana. E esse assunto está presente inclusive na discussão política. Como o senhor analisa tudo isso?
Isso é muito complexo. É um modelo civilizatório todo, não é só nem a economia nem a questão social nem só propriamente a segurança, do ponto de vista policial.
O governador Cláudio Lembo apontou responsabilidades da elite.
Mas eu diria que é uma questão do sistema internacional, do modelo civilizatório. Muita dificuldade de atendimento às demandas de setores excluídos, a questão da saúde, da educação, os modelos. A transferência das responsabilidades quase que totais pela vida ao sistema de produção, esvaziamento do papel do Estado. É questão de mudança do modelo de civilização, hoje fundado no consumismo, esvaziamento da dimensão simbólica - considerada hoje coisa desprezível -, esse materialismo excessivo. O esvaziamento da dimensão mitológica da vida, que faz com que as culturas não sejam absorvidas mutuamente umas pelas outras, o cientificismo, o economicismo. Para mim, é tudo isso.
E como o senhor sugere encarar o problema?
A minha visão é de que o problema é completo, é do nosso momento civilizatório, desse ciclo da civilização, da forma como foi imposto esse ciclo. Ainda ontem eu vi o (jornalista) Sílio Boccanera entrevistar um indiano sobre a questão das castas, o modelo indiano de inserção, a rejeição cada vez maior que as elites indianas têm aos pobres, querendo se livrar dos pobres de uma forma meio nazista, meio fascista. O problema não é só no Brasil. É a civilização humana que está em crise.
3 Comentários:
O Ministro tá ficando bom hein, tá pegando o jeito dos políticos mais expe^rientes, o discurso tá ficando igualzinho. Fala, fala, e só enrola e não acrescenta nada de positivo para a situação.
A violência pode ser um problema mundial, concordo com isso.
Mas o PCC é problemas exclusivamente nosso, e não podemos arrumar fatores externos pra justificar essa praga do PCC.
É... a Técnica de enrolar nos discursos ta cada vez pior!!!
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