>> Polícia busca arma na casa de Carla.
Elas foram apreendidas, mas hipótese de que tenham sido usadas no crime é remota; legalidade de porte será apurada
A Polícia Civil encontrou ontem à noite pelo menos duas armas na casa da advogada Carla Prinzivalli Cepollina, acusada do assassinato do coronel e deputado estadual Ubiratan Guimarães. Mas, segundo o Estado apurou, provavelmente não se trata do revólver calibre 38 usado no crime. A polícia vai investigar se as armas são legalizadas. Carla havia prestado depoimento até as 17 horas, quando o delegado Marco Antônio Olivatto decidiu fazer uma busca na casa em que ela mora com a mãe, a advogada Liliana Prinzivalli, para tentar achar o revólver usado no crime.
Por volta das 23h30, quatro carros do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) deixaram o prédio de Carla levando objetos encontrados no local. O indiciamento da suspeita será feito oficialmente hoje, após a conclusão do interrogatório. “Tenho a impressão de que ela (Carla) vai admitir a autoria”, afirmou o advogado Vicente Cascione, que representa a família de Ubiratan. Para ele, o cerco à suspeita se fechou. “Manter a negativa diante de provas tão contundentes não seria de bom senso.”
O mandado de busca e apreensão na casa da advogada foi concedido pelo juiz do 1º Tribunal do Júri da capital, Richard Chequini. Além do revólver, os policiais do DHPP saíram à procura de roupas manchadas de sangue e outros indícios que pudessem incriminar Carla. Ela e a mãe chegaram ao apartamento às 18h15, num carro descaracterizado da Polícia Civil, acompanhado de outras três viaturas.
A polícia justificou o pedido de busca alegando que uma empregada de Carla disse ter visto roupas com manchas vermelhas.O interrogatório no DHPP tinha começado às 11h40. Carla estava acompanhada por seu advogado, Antônio Carlos de Carvalho Pinto, especialista em homicídios, e pela mãe, que é criminalista. Começou a ser questionada sobre detalhes do que ocorreu no dia 9, quando o coronel foi morto. “Ela caiu em contradições”, disse Cascione.O delegado Olivatto questionou Carla sobre cada um dos depoimentos e indícios colhidos.
Entre eles estão os horários dos telefonemas para Ubiratan feitos pela delegada federal Renata Madi, amiga da vítima. Segundo Cascione e os três filhos do deputado, Ubiratan namorava Renata e havia rompido com Carla fazia sete meses. Ele aceitava, porém, que ela continuasse participando de sua vida.Carla nega o rompimento. A advogada entregou ao delegado um pacote com notas fiscais para provar que ainda fazia compras com o coronel e o relacionamento não havia acabado.
Carla estava no apartamento do coronel quando a delegada Madi telefonou duas vezes para Ubiratan, no dia do crime. Foi ela quem atendeu às ligações, uma no celular e outra no telefone fixo, entre 19 e 20 horas. Nesse horário, uma vizinha do deputado escutou um barulho que, mais tarde, identificou como um tiro. “Se excluir Carla de todos esses cenários, não sobra nada”, afirmou Cascione.
A presença do advogado da família Ubiratan no interrogatório de Carla causou problemas. Liliana exigiu que o delegado mandasse Cascione exibir a carteira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a procuração dos filhos da vítima para que pudesse permanecer na sala. Depois da discussão, o delegado parou o interrogatório para fazer a diligência.O indiciamento é a peça formal em que uma pessoa é apontada como autora do crime.
O passo seguinte será a produção do relatório final do inquérito policial e seu envio ao Ministério Público Estadual (MPE).Com o relatório, o promotor Luiz Fernando Vaggione decidirá se denuncia ou não Carla à Justiça. Caso o faça, e a Justiça aceite seus argumentos, Carla será processada criminalmente e poderá ir a júri popular, sob a acusação de homicídio duplamente qualificado - por motivo torpe e porque Ubiratan não teve chance de defesa.
Defesa pode usar confissão para reduzir pena
Caso seja denunciada pelo Ministério Público, Carla Cepollina e seus advogados terão de decidir qual estratégia a defesa adotará. A chamada tese de negativa de autoria é aquela em que um acusado, por exemplo, de homicídio afirma não ter sido responsável pelo crime. Trata-se, segundo advogados criminalistas, de posição arriscada. Caso convença os jurados, o réu é absolvido. Mas, se isso não ocorrer, o réu corre o risco de uma condenação alta.
Quando o réu admite o crime, a defesa pode contar com várias possibilidades. Pode alegar a legítima defesa diante da agressão de alguém. Pode dizer que o réu tentou defender outra pessoa ou que agiu no estrito cumprimento de seu dever. Existem outras possibilidades, como afirmar que a vítima morreu em decorrência de um disparo acidental.
O tiro pode ter ocorrido num momento de violenta emoção para o autor ou em resposta a uma ameaça, à iminência de uma agressão pressentida, por exemplo, num gesto da vítima - a menção de sacar um revólver. A vantagem para o réu é que essas teses também levam à absolvição ou provocam, em caso de condenação, diminuição substancial da pena.
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