22.9.06

>> Mãe da namorada de Ubiratan contradiz depoimentos de porteiros.

A advogada Liliana Prinzivalli, mãe da também advogada Carla Cepollina, 40 --namorada do coronel da PM e deputado estadual Ubiratan Guimarães--, contradisse nesta quinta-feira os depoimentos de dois porteiros do prédio onde o coronel morava, na zona oeste de São Paulo.Comandante da operação conhecida como massacre do Carandiru, que resultou na morte de 111 presos em 1992, Ubiratan foi morto com um tiro no abdômen em seu apartamento, nos Jardins, no último dia 9.

Um dos porteiros teria dito à polícia que Carla saiu do prédio às 22h. Outro porteiro, em seu primeiro depoimento, disse que viu a namorada do coronel sair do prédio por volta das 19h40, mas depois voltou atrás, confirmando o horário dado no depoimento do colega."Os dois se enganaram", diz Prinzivalli. A prova do engano, segundo ela, seria o vídeo do circuito do prédio onde Carla mora, que mostra sua chegada às 21h06.

Prinzivalli disse também que vai pedir à polícia um teste de tiro no prédio do coronel, pois acredita que nenhum morador ouviu algum estampido. "Se alguém tivesse ouvido um tiro, ligaria para a portaria para saber o que aconteceu".Ontem, a advogada foi ao DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), onde afirma ter lido os depoimentos de dez pessoas. Segundo ela, dois moradores teriam ouvido um barulho entre as 18h30 e as 19h, e um terceiro teria dito à polícia que ouviu uma batida de porta às 19h20. Os outros sete não teriam escutado nada.

21.9.06

>> Em gravação, chefe do PCC confessa ataques e suborno.

Criminoso diz que servidores facilitaram atentados fornecendo endereço de agentesFita foi gravada sem o conhecimento de presidiário; conversa ocorreu horas antes da primeira onda de atentados

Gravação feita por um agente penitenciário flagrou conversa na qual o preso Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, integrante da cúpula do PCC, confessa que a facção criminosa está por trás dos atentados em São Paulo e que o PCC tem um esquema de corrupção na Secretaria da Administração Penitenciária para conseguir contracheques e endereços de funcionários.Segundo relatório confidencial da própria secretaria, Julinho Carambola afirmou, na conversa gravada, que esses dados seriam usados para matar agentes fora das prisões.

O diálogo foi gravado, sem Julinho Carambola saber, no dia 12 de maio, na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (620 km de SP), horas antes da primeira onda de atentados.Desde então, 15 agentes penitenciários foram mortos, segundo o sindicato da categoria. Pelo menos oito deles foram atacados quando estavam perto de casa -na época, agentes e policiais reclamaram que o governo sabia do risco de ataques, mas nada fez para preveni-los.Um funcionário do serviço de inteligência da secretaria, com um gravador escondido, iniciou uma conversa com Julinho Carambola.

Indignado com a transferência de cerca de 800 presos ligados ao PCC no dia anterior, incluindo ele, para uma penitenciária em Presidente Venceslau, ele anunciou que uma onda de atentados do lado de fora das cadeias estava por vir, ameaçou funcionários e disse que tinha acesso a dados para localizar os agentes na rua."De hoje em diante, o que você você vai ver na rua, você não vai acreditar!", disse Carambola na conversa. "É para acabar com o Estado de São Paulo."Em outro trecho, ele afirma que tem "gente na secretaria que puxa no computador" dados sobre contracheques e endereços de funcionários.

"O dinheiro compra tudo", explicou.É a primeira vez que um integrante da cúpula do PCC é flagrado em uma gravação falando sobre as ações da facção. Julinho Carambola e o preso Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como chefe máximo, negam na Justiça a liderança da facção e o envolvimento nos atentados.A conversa gravada foi transcrita em um relatório confidencial da coordenadoria das unidades prisionais da região oeste. O documento foi anexado pelo Ministério Público ao processo criminal que apura a morte do bombeiro José Alberto da Costa, ocorrida no dia 13 de maio, na capital paulista.

O juiz Richard Chequini, do 1º Tribunal do Júri, disse que cópia do relatório, sem a fita, foi anexada ao processo e que advogados de defesa ainda vão se manifestar sobre o documento.Para a Promotoria, o relatório é uma prova de que os atentados foram ordenados pela cúpula do PCC e que ela tem de ser responsabilizada pelos assassinatos.

"A conversa gravada é uma prova definitiva da participação do Julinho Carambola no comando da facção criminosa e nos atentados", afirmou o promotor Marcelo Milani.Julinho Carambola e Marcola são réus no processo, além de outras sete pessoas acusadas de serem os executores do crime. Segundo Milani, três dos suspeitos afirmaram que não receberam a ordem diretamente da cúpula, mas disseram que sabiam quem eram os chefes do PCC e que a ordem para o atentado tinha vindo deles.

>> Advogado da família de Ubiratan critica MP e diz que vai pedir prisão de Carla.

Cascione também criticou a lentidão do trabalho do Ministério Público e acusou a instituição de estar ´sonolenta, apática e dopada´.

SÃO PAULO - O advogado Vicente Cascione, que representa a família do coronel e deputado estadual Ubiratan Guimarães, assassinado no dia 09 de setembro em São Paulo, afirmou na noite desta quarta-feira, 20, que pretende pedir a prisão de Carla Cepollina. Segundo ele, a advogada dela, Liliana Prinzivalli, está atrapalhando as investigações. " Eu estou estudando a possibilidade de requerer primeiro à polícia e depois, se não for o caso, ao próprio Judiciário, a prisão se continuar a possibilidade de tumulto de prova, de tentativa de prova", declarou.

"A suspeita, até agora, tentou de todas as maneiras fazer confusão, desviar o foco. Elementos que poderiam ser fundamentais para investigação não foram trazidos. Houve muita dificuldade".
De acordo com informações da reportagem da Rádio Eldorado AM, Cascione também criticou a lentidão do trabalho do Ministério Público e acusou a instituição de estar ´sonolenta, apática e dopada´. O promotor Luiz Fernando Vadione ressaltou que assim que receber o inquérito, todo mundo vai ver que o Ministério Público não é apático.

Após sete horas, a mãe de Carla Cepollina, a advogada Liliana Prinzivalli, deixou a sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) na noite desta quarta sem falar com a imprensa. Ela chegou por volta do meio-dia e não explicou os motivos de sua ida ao local. Dois funcionários do deputado e duas pessoas que não tiveram os nomes divulgados ainda estão sendo ouvidas no DHPP. A ex-assessora política do coronel Ubiratan Guimarães, Karina Florido Rodrigues, prestou depoimento das 9 às 13h55 desta quarta no DHPP. Ela falou principalmente sobre a rotina de trabalho de Ubiratan.

20.9.06

>> Polícia suspeita que namorada de Ubiratan fraudou perícia.

Blusa entregue por ela pode não ter sido a usada no dia do crime; perícia deve chegar a horário exato da morte.

A Polícia Civil investiga a possibilidade de que a blusa entregue pela advogada Carla Cepollina, de 40 anos, para a perícia não seja a que ela usava no dia do crime. Para chegar a uma conclusão, vai tentar melhorar a qualidade das imagens de vídeo que flagraram Carla chegando em casa, na noite do dia 9. Caso a roupa tenha sido trocada, a polícia pode pedir a prisão temporária da advogada.

A perícia já sabe que a namorada do coronel entregou sua calça depois de lavá-la com sabão e água sanitária, o que praticamente inviabiliza qualquer exame pericial na roupa.Os peritos do Instituto Médico-Legal (IML) encontraram um bolo alimentar preservado, quase sem digestão, no estômago de Ubiratan. A polícia quer saber qual foi a última refeição do coronel para determinar o horário da morte e, assim, ter certeza de que Carla estava no apartamento do coronel na hora do crime.

O exame do estômago do coronel ficou pronto anteontem. Segundo peritos, uma digestão completa demora de três a seis horas. Sabe-se que o coronel almoçou na Sociedade Hípica Paulista por volta das 15 horas do sábado, dia 9. O que não se divulga é o que ele comeu, um segredo que a polícia mantém para preservar a investigação.Caso o que ele almoçou seja o mesmo alimento achado no estômago, será possível determinar que o coronel morreu entre 18 horas e 21 horas daquele dia. Foi por isso que o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) ouviu ontem um funcionário da Hípica.

DÚVIDA

Com o resultado desse exame, não me resta mais dúvida de que o coronel morreu no momento em que Carla estava no apartamento', disse o advogado Vicente Cascione, que representa a família de Ubiratan. Ela nega e diz que esteve com Ubiratan das 19 horas às 20h30.
Diz ser inocente e afirma que não matou o coronel.Outros exames do IML ficaram prontos.

Constatou-se que o coronel levou um tiro de cima para baixo a pelo menos um metro de distância.Também se sabe que o coronel tinha álcool no sangue (1,5 miligrama por litro), comprovando que ele bebeu. Sobre o estômago, os peritos disseram que a ingestão de álcool, um banho ou uma relação sexual podem influir na rapidez da digestão.

ASSESSORES

Depois do funcionário da Hípica, os investigadores ouviram dois assessores que trabalhavam no comitê de campanha de Ubiratan. Deputado estadual pelo PTB, o coronel disputava a reeleição e usava como identificação o número 14.111. Em fevereiro, ele foi absolvido pela Justiça da acusação de ter se excedido no massacre de 111 presos do Carandiru, em 1992.A polícia também queria saber dos assessores como havia sido o sábado do coronel e o que ele comeu.

Para Cascione, tudo está ocorrendo lentamente na investigação. 'O que me assusta é que está se transformando o caso Ubiratan em uma nova Rua Cuba', afirmou o advogado, referindo-se ao crime ocorrido em 1988 na casa 109 da Rua Cuba, nos Jardins - o assassinato do advogado Jorge Toufic Bouchabki e sua mulher, a professora Maria Cecília. Até hoje, o assassino do casal não foi julgado pela Justiça.

Nesse caso, está havendo um tratamento diferenciado, pois nem de suspeita a polícia teve até agora a coragem de chamar essa mulher (Carla)', disse Cascione.Por fim, ele afirmou: 'Se fosse na periferia, a polícia teria cumprido mandado de busca e apreensão na casa dela, pois como é que o Ubiratan morre e ela não vai nem ao apartamento ver a pessoa que ela diz ser seu amado na noite em que ele foi encontrado? A confissão tácita está nas entrelinhas.' A polícia informou que não vai se manifestar diante de nenhuma 'alegação das partes'.

>> Advogada de namorada de Ubiratan apresenta dossiê com notas fiscais.

A advogada Liliana Prinzivalli entregou na tarde desta terça-feira um conjunto de documentos que ela chamou de "dossiê" para comprovar que sua filha e cliente, a também advogada Carla Cepollina, tinha um relacionamento estável com o coronel Ubiratan Guimarães, morto no dia último dia 9.

De acordo com a advogada, os documentos foram reunidos e apresentados à imprensa para desmentir a declaração dos filhos do coronel Ubiratan. Eles disseram que Carla e o pai não namoravam mais havia sete meses. O advogado da família do coronel, Vicente Cascione, também disse na semana passada que Ubiratan mantinha um "pacto de amizade" com a advogada.

O "dossiê" de 68 páginas traz cópias de notas fiscais de 7 de março a 8 de setembro deste ano, com compras que, segundo Liliana Prinzivalli, demonstrariam a relação de sua filha e o coronel. Entre as notas, estão as de compras em farmácias e uma casa de material de construção.

Silêncio

Carla Cepollina, que no sábado (16) divulgou um extenso comunicado no qual se defende de eventuais suspeitas e se queixa da mídia, voltou a procurar a imprensa no domingo (17). Por meio de outra nota, Carla rebate declarações feitas pelos filhos do coronel --o engenheiro agrônomo Fabrício Guimarães, 28, o publicitário Diogo, 29, o psicólogo Rodrigo, 31.

Carla acusa os filhos de declararem "inverdades" e citarem "bordões que falam 'abóboras' nos jornais". "Quero crer que [isso ocorra] talvez na ânsia de achar um culpado", considera. Em entrevistas recentes, os três se referiram à advogada como uma pessoa "desequilibrada", "infeliz" e afirmaram que ela e o pai já não eram namorados há sete meses. Para eles, Carla é a principal suspeita do assassinato de Ubiratan.

Ligações

Segundo informou a polícia, na última segunda-feira (11), Carla Cepollina confirmou uma discussão com o coronel depois de um telefonema recebido por Ubiratan no sábado. Em depoimento à PF (Polícia Federal) de Belém (PA), a delegada Renata Madi disse ao delegado Uálame Machado ter tentado falar com Ubiratan por duas vezes no dia do crime, sem sucesso. A PF informou que a delegada disse, em depoimento, ter sido atendida por Carla.

No segundo telefonema, a namorada de Ubiratan teria relatado uma discussão do casal, segundo Renata.O deputado federal Vicente Cascione, afirmou na quarta-feira (13) que o coronel "mantinha um relacionamento" com a delegada da Polícia Federal. O pai de Renata, o empresário João Farid Madi, disse que a filha e o coronel eram amigos.Na quinta-feira (14), a mãe e advogada de Carla negou que tenha ocorrido uma briga entre sua filha e Ubiratan, no dia 9. A polícia trabalha com a hipótese de que o coronel tenha sido vítima de crime passional.

Carla Cepollina foi a última pessoa a ser vista com o coronel reformado da PM. Ela foi ouvida pelo DHPP três vezes na semana passada. Na segunda-feira (11), deu um depoimento informal. Na terça-feira (12), falou durante 13 horas com os policiais. Na quarta-feira (13), chegou às 13h e depôs até 17h30.

19.9.06

>> PF apreende armamento de guerra que pertenceria ao PCC.

A Polícia Federal de Guaíra (Paraná) apreendeu na noite de domingo uma Kombi recheada com armas pesadas que pertenceriam ao PCC (Primeiro Comando da Capital).De acordo com a Polícia Federal, o veículo levava uma metralhadora dinamarquesa, calibre 7.62, com tripé, da marca Madsen, com dois carregadores, além de um lança foguete anti-tanque Rocket HE 66 mm, usado pelo Exército norte-americano.Uma segunda Kombi, com placas de São Paulo, que escoltava o primeiro automóvel, também foi apreendida. Quatro homens de 18, 25, 35 e 27 anos foram presos. A PF não divulgou o nome deles, mas informou que todos moram na zona leste de São Paulo.O grupo teria sido contratado por uma presidiário conhecido com MacGyver de São Paulo para Umuarama para buscar o arsenal.A metralhadora apreendida, de acordo com o PF, não é mais fabricada e tem inscrições do Exército da Argentina. Ela teria capacidade para atirar 400 tiros por segundo, com alcance de até dois quilômetros.